Coordenador: profº
Henrique Fernandes Alves Neto
Matéria eficiente
Diretor: Neill Blomkamp (um dos principais diretores
africanos).
Diretor de fotografia: Trent Opaloch.
A dupla acima trabalhou juntos em outras obras: District 9
(2009) e Chappie (2015)
Nacionalidade da obra: Norte americano.
Produtora: TriStar Pictures.
Distribuidora: Sony Pictures Entertainment.
Ano de lançamento: 2013
Formas e modelos
Todos os filmes que o Blomkamp
dirigi e escreve retrata um pouco da realidade de Joanesburgo. A tentativa dele
é de apresentar as condições de vida da população sul-africana. Mesmo após anos
do fim do apartheid, ainda conseguimos perceber traços e desdobramentos desta
política racista e segregadora. Como é um sci-fi, temos muitas cenas produzidas
em CG, porém as imagens, tanto de Elysium, quanto da Terra, algumas são reais:
foram filmadas em zonas pobres do México e em lugares do Canadá. O nome do
filme se refere a ideia de Campos Elísios dos gregos, um local onde não havia
fome, desgraça, guerra, doença; apenas as pessoas de virtude poderiam
frequentar este local.
Valor heurístico
Diferente do outro texto postado
aqui, optamos por criar um possível roteiro de discussão em torno do filme. Servirá
tanto aos docentes que buscam por alguma inspiração, quanto a qualquer leitor
que procura um fio condutor nas possíveis ideias suscitadas pelo filme.
- Os principais temas da
obra são: segregação, racismo, xenofobia, etnocentrismo; crise ecológica;
expansão e desenvolvimento do modo de produção capitalista. A partir
destes temas é possível problematizarmos sociologicamente.
- A Antropologia, área das
Ciências Sociais que reflete sobre os modos de vida do ser humano ao longo
da História, compreende que todos os grupos de seres humanos pensam em uma
relação binária: nós X eles. Qualquer ser humano irá perceber o outro
diferente dele e isso é mais identificável quando grupos de pessoas estão
em contato. São diversos exemplos possíveis: torcidas de times de futebol;
religiões; regiões do país; gostos musicais, e assim por diante. Sempre
que há um encontro com aquele que possui características distintas, o par
de oposição “nós/eles” surge. Assim que se dá o contato, o primeiro
sentimento é o chamado etnocentrismo.
Etnocentrismo é considerar visão de mundo de um grupo superior a de outros
grupos, fazendo com que todas as outras visões fossem inferiores àquela
tomada como referência. Quando há o contato com o outro, julgo-o a partir
da minha visão de mundo, ou melhor, a partir da minha cultura.
- O etnocentrismo pautava as
discussões da Antropologia, pois a mesma acreditava que a “cultura europeia”
era sinônimo de civilização e, portanto, todos aqueles que não seguem os
padrões culturais europeus, são inferiores. Chamamos essa fase da
Antropologia de evolucionista. É Com Franz Boas, no século XIX, que a
noção de cultura deixa de ser sinônima de civilização e passa a ser um
“espírito do povo”, portanto, existem várias culturas.
- O etnocentrismo é a base
da segregação: a exclusão do outro; também do racismo: a necessidade de
eliminação do outro; e dá xenofobia: aversão ao que vem de fora, do
estrangeiro.
- É aqui que entra a conexão
com os fatos atuais. Vocês acompanharam o drama dos refugiados.
- Fugindo de conflitos
locais e de péssimas condições de vida, várias pessoas lutam para
conseguir sair de seus países e tentar a vida em outros. Temos uma imigração
e, quase, uma diáspora (que foi o que ocorreu com os judeus).
- O que nós temos a ver com
isso? A globalização é um processo intrigante: ao mesmo tempo que elimina
distâncias e tempo, o faz somente para mercadorias. Quero dizer que estes
mesmos países que estão barrando a entrada de pessoas, liberam os
produtos ou matérias-primas retiradas de lá.
- É chegado o momento de
distribuir os malefícios deste modo de produção.
- A globalização, quando
reduz, faz com que tanto as ações globais tenham efeitos locais, como as
locais tenham efeitos globais. É isso que percebemos neste fenômeno
recente dos refugiados.
- A migração é uma
característica humana. Sempre migramos. Isto se torna um problema quando
os fatores que impulsionam a necessidade de migrar de seus países é um
problema global.
- Qual problema é esse?
- A expansão, a reestruturação,
o desenvolvimento do modo de produção capitalista.
- Sobreacumulação:
deslocamento de capital.
- Quais as consequências?
- Um novo tipo de
escravidão; conflitos armados; devemos pensar em uma superação deste
modo de produção!
Autores das Ciências Sociais que poderiam ser utilizados
para sustentar essa discussão: Ulrich Beck e a ideia de sociedade de risco; Anthony Giddens com a discussão das consequências
da modernidade; David Harvey e o conceito de sobreacumulação. É possível
resgatarmos as ideias de Slavoj Zizek – fazendo uma leitura crítica do modo de
produção capitalista.